Por Lorraine Francisca Costa / foto: Anete Lusina
O mercado de flores e plantas ornamentais é uma das áreas que estão sendo afetadas pela pandemia do coronavírus
A floricultura é um dos setores da economia brasileira que gera milhares de empregos diretos e indiretos e que está sentindo os reflexos causados pela pandemia da corona vírus.
O Brasil está em oitavo lugar entre os maiores produtores de plantas ornamentais do mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o Brasil tem cerca de 8.300 produtores, 60 centrais de atacado, 680 atacadistas, como cooperativas e prestadores de serviços e mais de 20 mil pontos de varejo, que são as floriculturas e outros pontos de vendas.
Com os cancelamentos dos eventos e fechamento das floriculturas, como uma tentativa de evitar aglomerações e novas contaminações com o vírus, a queda na venda de flores e plantas ornamentais chegaram a 70%.
A Ibraflor adotou algumas iniciativas para movimentar o mercado de flores e orientar quem depende dele para sobreviver. Uma delas ainda está em negociação e sugere a liberação de créditos com taxas de juros menores e prazos maiores para que produtores não tenham que paralisar suas atividades ou demitir funcionários. Como explica, Renato Optiz, diretor do Instituto Ibraflor. “Nós criamos várias frentes, uma financeira que está em negociação com o Ministério da Agricultura para obtenção de linhas de crédito e condições mais favoráveis para produtores”, afirma.
Outra ação adotada pela Ibraflor é a campanha “O Poder das Flores e das Plantas – A Flor é o Alimento para a Alma” juntamente com duas cooperativas da cidade de Holambra em São Paulo, para incentivar a venda e o consumo individual de flores e plantas ornamentais. O Objetivo é mostrar para as pessoas que elas podem trazer energia, cor e luz para os ambientes. Como explica Renato, “nós pensamos, mesmo sendo perecível, a flor é um alimento para a alma, e a partir daí surgiu essa ideia e foi aceita, todo mundo não só entendeu como concordou”, conta.
Muitos produtores tiveram dificuldades para vender as flores produzidas, o que causou atraso na colheita e uma queda significativa no faturamento. Esse é o caso da Camila Trevisolli, produtora de flores tropicais. “Na verdade, o faturamento esse mês veio a zero, o máximo que fizemos foi alguns pedidos pequenos, mas nada em grande escala”, afirma.
Com a diminuição de pedidos, a produtora utiliza, o período de baixas para se dedicar mais a produção e ter um bom retorno nas vendas. “O que nós estamos fazendo é nesse período tentar melhorar ainda mais a qualidade das flores”, conta.
Assim como ela, produtores e cooperativas em todo o Brasil não tiveram opções e muitas flores acabaram indo parar no lixo. “Não tem como evitar a perda de flores, nós estamos pensando em fazer algumas doações e parcerias com decoradores para não ter que jogar fora”, confirma Camila.
Com as medidas de segurança, as visitas e contatos físicos passaram a ser evitados. Algumas floriculturas estão funcionando apenas com delivery, um serviço de entrega domiciliar, para enviar pedidos de flores como demonstração de carinho e afeto para amigos e familiares.
Outra estratégia é aproveitar as próximas datas comemorativas, como o dia das mães no mês de maio e incentivar a compra de flores e plantas ornamentais para presentear, explica Thamara D’Angieri, gerente de marketing e comunicação de uma cooperativa. “Como a gente não pode abraçar e beijar nossas mães, que a gente possa dar emoção através das flores”, conta.
A cooperativa pretende ainda recuperar as quedas e perdas dos últimos meses. “A gente acredita sim que o mercado está dando uma resposta positiva e que nós vamos juntos com muita criatividade saímos juntos dessa”, finaliza.
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